Dólar

NOSSO BLOG

O sorgo e o seu promissor grão de “ouro”. Será ele o novo El Dorado da agricultura do Brasil?

Desde o início do milênio o mundo vem crescendo exponencialmente em commodities agrícolas, uma corrida que visa não apenas alimentar a população mundial de bilhões de pessoas, mas também fortalecer a balança comercial dos países produtores, trazendo riquezas. O Brasil, como já é conhecido, é um dos atores principais nesse cenário global. E tem pela primeira vez, o sorgo como uma das culturas mais promissoras nos próximos anos. Isso sendo impulsionado pelo Movimento + Sorgo, uma parceria público-privada da Embrapa com a Latina Seeds, tendo o CEO da empresa, Willian Sawa, um dos criadores do movimento.

Não é de hoje que o Brasil se destaca como potência agrícola, não só na América Latina, especificamente na América do Sul – que chegou a criar o Mercosul justamente para fortalecer a economia local para exportação de produtos entre os países, muitos deles oriundos da agropecuária – mas em todo o globo, sendo citado como o ‘celeiro do mundo’, ou seja, um dos últimos redutos da produção de alimentos. Seu destaque engloba desde a pecuária, como um dos maiores produtores e o maior exportador de carne bovina do mundo, até a agricultura, como um dos maiores produtores de frutas do mundo até culminar com suas expressivas safras na produção de grãos.

Para grãos, muitos se destacam, mas poderemos separar três. A soja, como a cultura de maior produção de grãos do Brasil, com boa parte da produção sendo destinada para alimentação animal e para exportação, tendo seu maior comprador a China. O milho, já referido como o ‘ouro brasileiro’ que vem crescendo em áreas plantadas e se destacando não apenas na alimentação humana e animal, mas ganha um novo nicho de mercado no país, o de bioenergia com produção de etanol, restando como subproduto dessa indústria o WDG e DDG, que serve como concentrado energético para os animais. Por último, e não menos importante em um futuro muito breve, o sorgo, que está ganhando espaço no mundo inteiro como alternativa para alimentação animal junto da soja e do milho, e que ocupa o 5º lugar em entre os cereais mais produzidos no mundo, segundo a FAO. No entanto, o sorgo não se destaca apenas na alimentação animal, mas detém um mercado diverso incluindo a alimentação humana e a geração de bioenergia semelhante ao milho. Também, não vem para tomar o lugar do milho ou soja, ele tem janela própria para isso, mas mais um aliado para o produtor que tem, diante de um cenário de risco climático ou econômico, a opção dessa cultura.

Segundo dados do IBGE, o sorgo granífero cresceu em áreas plantadas nos últimos cinco anos mais de 60%, saltando de 819 mil hectares plantados no país em 2019, para mais de 1,3 milhão de hectares em 2023. Isso sem contar outros espectros do nicho de mercado dessa cultura como o sorgo vassoura, forrageiro e o sacarino, já que não há dados oficiais de áreas de plantio para esses tipos. É notório o crescimento expressivo de um grão que tem uma bromatologia semelhante ao milho, com custos de investimento para a implantação menores, não possui glúten, diferentemente do trigo, servindo para uma dieta mais saudável, e com um mercado ainda pouco explorado. Com certeza, esse aumento de áreas plantadas demonstra que a cultura está cada vez mais dentro do radar dos produtores.

De acordo com dados da CONAB, o sorgo granífero se fortalece no cenário agrícola diante de um termômetro, que sinaliza recursos investidos, neste caso, o aumento médio da produtividade da cultura. A produção é utilizada para medir todo um volume em quilos ou toneladas de um produto por uma nação. A produtividade nada mais é que a razão dessa produção pela área plantada em hectares. Em 2019 a média de produtividade foi de 2,9 ton ha-1, já em 2023 sobe para 3,4 ton ha-1. Percebe-se que o incremento não se dá somente em áreas, mas em quantidade produzida, e como citamos antes, isso é um sinal de aumento em investimento, tecnologia, melhorias nos tratos culturais etc. Isso não é à toa. O produtor brasileiro não investiria em áreas antes utilizadas para outras culturas ou novas áreas, e nem em insumos para incrementar a sua produção se não vislumbrasse ganhos econômicos com isso. O investimento é proporcional ao potencial de ganho, algo básico na economia e para quem conhece de empreendimento.

Para a USDA, que é o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, em 2023 o Brasil já ocupa o terceiro lugar na produção mundial de sorgo granífero com 4,9 milhões de toneladas, deixando para traz a Índia e o México, e atrás apenas da Nigéria e dos Estados Unidos, este último como o principal produtor com um total de 8,07 milhões de toneladas. Ainda para a USDA, em 2024 a produção de sorgo granífero no Brasil atingirá os 5 milhões de toneladas. Se fizermos um comparativo com a produção da safra 19/20, com dados publicados pela CONAB, que foi de 2,5 milhões de toneladas, observamos um aumento na produção de 100% em cinco anos.

Comparando a produção brasileira de milho e soja com a produção de sorgo, a de sorgo ainda é irrisória diante dos números absolutos, mas diante dos números relativos (percentual de crescimento) nem um deles chegam nem próximo de 100% de crescimento em cinco anos como alcançou o sorgo. Com uma produção atual de 5 milhões de toneladas e um valor médio de saca de R$ 40,00, temos um mercado de mais de 3,3 bilhões de reais para os produtores brasileiros.

Diante dos dados, que expressam a realidade em campo, e esses números só crescem, podemos concluir que o sorgo fomentará o crescimento econômico das principais nações produtoras trazendo divisas para seus agricultores e sendo uma commodity de peso na balança comercial de um país para os próximos anos ou décadas. Sim, temos mais uma corrida pela busca de um novo ‘ouro’, e claro, os visionários estão enxergando o que muitos duvidaram no passado, isto é o que destaca empreendedores de sucesso dos demais. Podemos apostar que o sorgo de agora em diante terá ainda mais destaque no cenário agrícola brasileiro e mundial. Nessa corrida quem largar primeiro tem a vantagem. Como diz o ditado: “quem chega primeiro, bebe água limpa” ou melhor, nesse caso: tem acesso a toda a mina.

Thiago Rodrigues – Gerente Comercial da Latina Seeds

COMPARTILHE NOSSO CONTEÚDO

Facebook
WhatsApp
LinkedIn

PUBLICAÇÕES RECENTES